Com uma mensagem de otimismo, a rainha Diambi Kabatusuila Mukalenga Mukaji de Nkashama, da República Democrática do Congo, discursou durante meia hora no Paço Municipal de Santos, no litoral de São Paulo. A visita da realeza e sua comitiva na tarde desta quinta-feira (14) integra um roteiro por várias cidades do país, que começou no fim de fevereiro.
Diambi Kabatusuila, que pertence à Ordem do Leopardo, já passou por Salvador, Minas Gerais e Rio de Janeiro. “Eu desafio esse país a trabalhar com sua máxima potencialidade, porque vocês são um dos países mais poderosos do mundo, especialmente por causa da diversidade”, disse a rainha.
Recepcionada por autoridades e representantes do movimento negro, ela distribuiu abraços e sorrisos. Ao chegar ao salão Nobre Esmeraldo Tarquínio, Diambi ela disse que se solidariza com as mortes dos estudantes em Suzano (SP), além das vítimas de enchentes em São Paulo e também por Brumadinho. “Essas tragédias podem nos lembrar de quanto a nossa vida é frágil. Quero transmitir ao povo brasileiro minhas condolências. Estou aqui para compartilhar essa dor”.
“Vocês serão os líderes desse mundo. Isso não é só o que eu acredito, é o que eu sei”, disse a rainha durante discurso — Foto: Liliane Souza/G1 Santos
Em inglês, a rainha falou sobre a luta dos povos de origem africana e ressaltou a importância de continuar lutando. “Ainda há muita desigualdade, violência contra o nosso povo de várias maneiras, falta de acesso a instituições, à Justiça, a casas próprias, a uma boa educação para todos, além de segurança. Temos muito a caminhar”, disse.
“Eu encorajo-vos a serem quem são, sempre com a cabeça levantada. Imagine como o Brasil seria se nós juntássemos todas essas forças para trabalhar em paz e com muito amor? Vocês serão os líderes desse mundo. Isso não é só o que eu acredito. É o que eu sei”.
A rainha Diambi Kabatusuila foi presenteada com uma camiseta do Santos Futebol Clube — Foto: Liliane Souza/G1 Santos
Ao final do discurso, a rainha recebeu uma camiseta do Santos Futebol Clube, além de presentes produzidos por representantes da Vila Criativa, e deixou como lembrança uma bandeira de seu país e braceletes confeccionados por congoleses. A programação pela cidade incluiu almoço no restaurante-escola Estação Bistrô, visita ao Museu Pelé e passeios turísticos. A agenda pelo Brasil deve se encerrar na sexta-feira (15), após ida à cidade de Osasco (SP).
Boas-vindas
O vice-prefeito de Santos, Sandoval Soares, destacou a importância de realizar a cerimônia de boas-vindas em um salão que leva o nome de Esmeraldo Tarquínio, o primeiro prefeito negro eleito em Santos. “Ele foi uma grande figura. Também lembro de Quintino Lacerda e de tantos outros negros que ajudaram nossa cidade a prosperar. Aqui a senhora está em casa”, disse à rainha.
Ao chegar ao paço municipal, a rainha foi recepcionada pelo vice-prefeito de Santos, Sandoval Soares — Foto: Liliane Souza/G1 Santos
Conselheira Nacional por Notório Saber de Promoção de Igualdade Racial, Alessandra Franco afirmou que a presença da rainha na cidade é fundamental para o resgate das origens africanas. Ela disse que a visita pode permitir um intercâmbio socioeconômico com cidades do Congo. “Podemos desenvolver várias ações sociais, culturais e econômicas”.
Ivo Miguel Evangelista Santos, presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Santos, ressaltou a relevância do Quilombo do Jabaquara. “Santos abrigou um número muito grande de escravos. A cidade teve um quilombo importante, que foi o Quilombo do Jabaquara, que teve como dirigente Quintino de Lacerda de Santos, o primeiro vereador negro de Santos. A comunidade está muito feliz com a vinda da rainha à nossa cidade”.
Após a recepção no salão nobre, a rainha posou ao lado da comitiva, autoridades e representantes da comunidade negra — Foto: Liliane Souza/G1 Santos