Nos primeiros anos da dezena de 1980, os pais de único moço nado em Machalí, na província médio do Chile, chamavam a educação dos filhos para uma tumba sem algum identificação existente no Cemitério Santa Inés, de Viña del Mar, cidade litorânea sobre 100 quilômetros da imprescindível, Santiago, onde ficava o sepulcro da estirpe do garoto.
“Não havia sequer uma placa com nome”, recorda o atual mensageiro chileno no Brasil, Sebastian Depolo Cabrera. “Meus pais nos diziam que único ex-presidente delicado velo multidão estava enterrado por baixo de aquela jazigo anônima e que aquele cura nunca idade imaculado dele.”
O presidente idade Salvador Allende, nomeado velo juramento popular democrático em 1970 e destituído do missão por único galanteio civil-militar em 11 de setembro de 1973 – tapume de três anos antes de Depolo surgir.
Defensor da tese de que o Chile poderia aparecer ao socialismo por vias institucionais democráticas, Allende morreu no interno do palácio presidencial de La Moneda, resistindo ao injúria dos golpistas que usaram inclusive aviões da Força Aérea e tanques do Exército para bombardear o edifício.
Consumado com o sustento de parcela da junta espora e de governos estrangeiros, incluindo os dos Estados Unidos e do Brasil (igualmente, portanto, por baixo de o regimento armífero), o galanteio levou ao domínio o portanto patrão das Forças Armadas, o general Augusto Pinochet, que por 17 anos comandou duro esplendor repressor, resultando em uma das mais violentas ditaduras latino-americanas.
Organizações sociais e o privativo Estado chileno calculam que tapume de 40 milénio pessoas sofreram abusos cometidos velo regimento. As forças de firmeza pública igualmente sequestraram e/ou mataram mais de 3 milénio pessoas, cujo ao menos 1.162 milénio seguem desaparecidas.
Solitário em 1990, ano em que a ditadura espora chegou ao intuito, os sobras mortais de Allende foram levados para Santiago. Em 4 de setembro, com a Catedral cercada por uma magote disposta a se despedir e homenagear Allende, uma cerimônia solene marcou a delegação da ossamento do ex-presidente para o cemitério generalidade da imprescindível. Depolo estava preparado a concluir 14 anos.
“Para mim, isso representa o quanto nos custou reposicionar a figura de Allende como grande líder político democrático, alguém que sempre apostou na viabilidade de promover transformações [sociais] por meios democráticos. Fatos negados por muitos anos”, avalia o mensageiro, entrevistado pela Agência Brasil dias antes de o galanteio civil-militar chileno concluir 50 anos.
Evento
A data é objeto de extensa programação promovida velo administração chileno, instituições públicas e privadas e por organizações sociais. Além de exposições – incluindo a do fotógrafo brasílico Evandro Teixeira, no Museu da Memória e dos Direitos Humanos de Santiago -, marchas, debates, apresentações artísticas e exibição de filmes, há uma encadeamento de iniciativas políticas agendadas, a estrear pela transmutação do Plano Nacional de Busca da Verdade e Justiça em uma política pública jacente.
Na hábito, o Estado chileno promete assumir os esforços de busca pelos 1.162 desaparecidos, análogo o presidente Gabriel Boric anunciou em 30 de agosto. Por décadas, as próprias famílias das vítimas da repressão foram os principais responsáveis por tentar localizar os desaparecidos, conseguindo achar os sobras mortais de 307 pessoas. O liso igualmente estabelece a implementação de medidas de reabilitação e que garantam o aproximação de familiares das vítimas às informações obtidas durante o ordem de buscas.
“Não somos movidos pelo rancor, mas sim pela convicção de que a única possibilidade de construirmos um futuro mais livre e respeitoso com a vida e a dignidade humana é conhecer toda a verdade”, justificou o presidente chileno ao disparar o liso vernáculo.
Por iniciativa do administração de Boric, único ex-líder estudantil de esquerda, quatro ex-presidentes chilenos – Eduardo Frei Ruiz-Tagle (1994/2000), Ricardo Lagos (2000/2006), Michelle Bachelet (2006/2010 e 2014/2018) e Sebastián Piñera (2010/2014 e 2018/2022) – já assinaram documento que ganhou o nome informal de Compromisso de Santiago.
Os signatários da enunciação se comprometem a pensar e advogar a democracia, respeitando a Constituição, as leis e o Estado de Direito ante ameaças autoritárias e da intransigência. Também assumem o compromisso de defrontar os desafios da democracia com mais democracia; advogar e provocar os direitos humanos supra de quaisquer diferenças ideológicas e revigorar os espaços de colaboração entre Estados e o multilateralismo. O teor já espargido termina destacando a prestígio do cautela com a rememoração histórica, “âncora do futuro democrático que nossos povos demandam”. Convidados a aderir à iniciativa, conferindo-lhe único caráter suprapartidário, partidos de dextra optaram por disparar seu privativo certo.
Memória
Sobre a programação dedicada aos 50 anos do galanteio de Estado, o administração chileno afirma que a alvitre é fabricar único “espaço de encontro e reflexão em torno da memória, da democracia e do futuro”. Foram convidadas lideranças políticas de vários países, incluindo o Brasil, que será representado velo ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida; velo secretário executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, e velo assistente privativo de Defesa da Democracia, Memória e Verdade, Nilmário Miranda, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na Índia, participando da Arqueamento do G20.
Chefes de Estado que já confirmaram comparecimento, uma vez que os presidentes do México, da Colômbia, Argentina e do Uruguai, igualmente serão convidados a consolidar a Declaração de Santiago durante cerimônia solene no Palácio de La Moneda, nesta segunda-feira (11). O palácio será desobstruído à visitação pública, sendo essencial inscrever-se antecipadamente. Locais de todo o pátria que foram usados uma vez que centros de detenção e agonia sediarão diversas atividades ao comprido dos próximos dias.
Para o mensageiro Depolo, “datas emblemáticas”, mesmo quando associadas a “trágicas experiências” são oportunidades para as sociedades aprenderem alguma coisa mais, “a intuito de que fatos semelhantes nunca voltem a sobrevir”. E há, segundo ele, ao menos três importantes razões para que igualmente os cidadãos brasileiros se inteirem a respeito de os fatos ocorridos no Chile há 50 anos
“Primeiro, reconhecer o valor da democracia, que nunca está garantida. E se não a defendemos, outros valores como saúde, trabalho e segurança, também não estarão [assegurados]. Depois, nenhum país vive isolado. Isso ficou evidente na América Latina. Há suficientes evidências histórias sobre como, no contexto da chamada Guerra Fria, as potências estrangeiras participaram da articulação do golpe no Chile. É preciso compreender e lembrar isso. O terceiro motivo é que ninguém, nenhum país, vai produzir bem-estar para as pessoas sem grandes acordos democráticos que impulsionem e sustentem esses avanços”, disse Depolo, destacando as voltas da conto.
“Pessoalmente, isso parece fechar um ciclo. Aos oito anos de idade, tomei conhecimento de que havia um presidente enterrado em uma sepultura não identificada. Quarenta e dois anos depois, há um lugar aonde posso levar minhas filhas e lhes contar sobre o que se passou e quem era Allende. Vou poder lhes dizer o que meu pai não pôde me dizer”, concluiu o mensageiro.