O norte da Faixa de Gaza vive uma situação catastrófica, com “cadáveres nas ruas e hospitais sem bolsas de sangue”. A declaração é da Agência da ONU para Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa.

Falando de Gaza, nesta terça-feira, a porta-voz da entidade disse que as ambulâncias pararam de funcionar na área sitiada, fazendo com que as pessoas tenham que ir em busca de socorro em carroças puxadas por burros.

Norte sitiado

Louise Wateridge ressaltou que ninguém da Unrwa consegue acesso ao norte sitiado há mais de um mês. Ela disse que a agência recebe apelos e testemunhos de médicos dos hospitais do norte, que foram bombardeados, bem como de colegas da ONU, que “estão presos em prédios residenciais”, sem poder sair.

Oito poços de água administrados pela Unrwa em Jabalia pararam de operar, deixando os moradores sem água potável.

A porta-voz revelou que “as pessoas estão perdendo a esperança”. Ainda esta semana, duas missões no norte de Gaza das quais participaria foram negadas. O objetivo era entregar pastilhas de cloro e avaliar as instalações dos abrigados.

As escolas da Unrwa em Gaza estão fornecendo alojamento para famílias deslocadas

As escolas da Unrwa em Gaza estão fornecendo alojamento para famílias deslocadas

Volume mais baixo de ajuda em meses

Louise Wateridge alertou que a fome é iminente na Faixa de Gaza e os palestinos deslocados estão dormindo no chão em abrigos cercados por esgoto.

Segundo ela, a Unrwa está “extremamente preocupada” com a chegada do inverno e das chuvas, tendo em vista que 500 mil pessoas estão em áreas de inundação.

A representante explicou que o volume de ajuda é “o mais baixo em meses”, com uma média em outubro de apenas 37 caminhões por dia para atender toda a população de 2,2 milhões de pessoas.

De acordo com a Unrwa, isso representa cerca de 6% dos suprimentos comerciais e humanitários permitidos antes da guerra.

Pessoas implorando por pedaços de pão

Questionada sobre o prazo estabelecido pelos Estados Unidos para Israel melhorar a situação da ajuda em Gaza, Louise Wateridge disse que, em vez disso, “os suprimentos de ajuda diminuíram”.

A ONU continua com acesso negado ao norte de Gaza, onde os moradores “imploram por pedaços de pão e por água”.

Wateridge acrescentou que 1,7 milhão de pessoas, ou cerca de 80% da população, não receberam provisões alimentares em outubro.

Na sexta-feira passada, especialistas do Comitê de Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar, IPC, parceiro da ONU, emitiram um alerta sobre a fome iminente em áreas do norte da Faixa.

A porta-voz da Unrwa reiterou o apelo às autoridades israelenses por acesso às áreas sitiadas.

Apenas um cessar-fogo pode acabar com o sofrimento

Questionada sobre qualquer mensagem que a Unrwa possa ter para o Hamas, Wateridge disse que o apelo ao grupo armado é o mesmo feito às forças israelenses: que cessem os combates.

Ela ressaltou que o Hamas realizou “ataques horríveis contra civis israelenses em 7 de outubro”, que causaram um “sofrimento horrível”.

A porta-voz da agência defendeu a libertação e retorno dos reféns para casa e “uma trégua para todos os civis, não apenas na Faixa de Gaza, mas também nos arredores”. 

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Com informações da ONU

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