Na madrugada desta quarta-feira, 150 pessoas vindas do Líbano, incluindo 17 idosos e muitas crianças, desembarcaram na base aérea de Guarulhos, no Brasil.

Dentre elas estava Mona Houssami, que morava há 15 anos no Líbano e lamentou a tragédia causada pela guerra entre Israel e o grupo armado libanês Hezbollah.

Mona Houssami, que viveu 15 anos no Líbano, reencontra sua família

Mona Houssami, que viveu 15 anos no Líbano, reencontra sua família

Dor da destruição

“É muito duro ver o país da gente se destruir por nada. Porque é muito injusto. Os países que estão ao redor também estão sendo destruídos. É por causa de petróleo, por causa de território, por causa de um monte de coisa que não tem nada a ver com o que deve ser mesmo. E eu estou muito feliz, agradecendo muito a repatriação do Cedro aqui, que mandou avião pra gente.”

Este foi o 13° e, possivelmente, o último voo de repatriação organizado pelo governo brasileiro na Operação Raízes do Cedro, totalizando 2662 pessoas trazidas do Líbano, além de 34 animais de estimação.

Com a entrada em vigor, nesta quarta-feira, de um cessar-fogo no país árabe, as autoridades brasileiras irão avaliar a demanda e as condições de segurança para decidir sobre um eventual 14° voo e o futuro da operação.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que a Embaixada do Brasil em Beirute segue em contato com brasileiros e seus familiares para auxiliar na aquisição de passagens aéreas.

Mais de 2600 brasileiros foram repatriados do Líbano em operação do governo com apoio da ONU

Números históricos

A Operação Raízes do Cedro conta com apoio de agências da ONU na recepção e apoio aos repatriados. Para a chefe do escritório em São Paulo da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, Maria Beatriz Nogueira, a iniciativa representa um exemplo de política pública.

“São números históricos de repatriação que a gente está testemunhando hoje aqui nesse último receptivo. E essa política de repatriação se consolidando como uma política pública, como uma política pública feita em rede. Então, todo o nosso apoio para a continuidade e fortalecimento dessa política”.

O processo de recepção conta com apoio da Organização Internacional para as Migrações, OIM, que realiza entrevistas para identificar demandas e necessidade de proteção, apoio à documentação e encaminhamentos, enquanto o Acnur contribui com uma equipe de tradutores. Ambas as agências atuam dando suporte ao reencontro com as famílias e acolhimento dos que não têm familiares.

Inclusão e proteção social

A coordenadora geral de emergências no Sistema Único de Assistência Social, Suas, enfatizou o compromisso do Brasil em promover inclusão e proteção social para os recém-chegados.

“O governo brasileiro tem uma das legislações de maior vanguarda no mundo em relação a receber migrantes. Nós também temos um sistema de proteção social que inclui serviços, benefícios. A gente acredita no combate à pobreza, no combate à vulnerabilidade e que a gente é um país modelo para o mundo, na garantia de direitos. E a gente quer, inclusive nessa operação, mostrar esse lado humano e receptivo do Brasil”.

Cinthia Miranda ressaltou que esta é uma operação que “envolve muitas mãos”, incluindo diversos ministérios, agências da ONU e organizações da sociedade civil, com destaque para a diáspora árabe-libanesa. 

A brasileira Nura Yassine (segunda à direita) que morou no Líbano por 16 anos, reencontra a família no Brasil

Acnur Brasil/ Paola Bello

A brasileira Nura Yassine (segunda à direita) que morou no Líbano por 16 anos, reencontra a família no Brasil

Um Líbano “sem sons de aviões de guerra”

A coordenadora de projetos da Organização Internacional para Migrações, OIM, Thaís Senra explicou que a agência fornece também apoio logístico contínuo, com hotel, passagens e gestão de dados, garantindo uma boa recepção no país e posteriormente apoiando medidas de inclusão na sociedade brasileira. 

Ao desembarcar em Guarulhos, a brasileira Nura Yassine, que vivia há 16 anos no Líbano, relatou que a guerra gerava “muito medo e muito pensamento negativo” e disse estar aliviada de chegar no Brasil. Ela disse esperar que possa retornar um dia para um Líbano “sem sons de aviões de guerra”.

A Operação Raízes do Cedro é considerada a maior iniciativa de repatriação de brasileiros de uma zona de conflito. 

source
Com informações da ONU

Deixe uma resposta