Projeto da ONG SP Invisível oferece formação gratuita e conecta formandos com restaurantes de São Paulo
São Paulo, abril de 2025 – Edson Silva dos Santos, 44 anos, viveu nas ruas da cidade de São Paulo por um ano. Durante esse período conheceu o projeto da ONG SP Invisível que oferece capacitação em gastronomia para pessoas em situação de rua e conecta esses formandos com restaurantes da capital paulista. A partir da iniciativa, Edson conseguiu emprego em uma hamburgueria na Zona Leste, conquistou autonomia financeira e autoestima e já sonha com o futuro: “Quero fazer uma faculdade de gastronomia e trabalhar em cruzeiros ou ir para Europa e poder ter alguma experiência em cozinha internacional”, afirma.
A história de Edson é bem parecida com grande parte das 90 mil pessoas que vivem nas ruas da capital paulista: enfrentou problemas familiares, perdeu o vínculo com os parentes mais próximos e acabou recorrendo ao uso de substâncias ilícitas. “Eu estava desacreditado da vida e minha família não queria falar comigo. Tive um colapso emocional muito forte, não tinha para onde ir e acabei terminando na rua, em uma situação deplorável”, relata.
Edson, ex-aluno do Curso de Gastronomia da SP Invisível
Após alguns meses intensos nas calçadas da capital paulista, decidiu que precisava de ajuda. Optou por procurar uma clínica de reabilitação. Foi por intermédio de um centro terapêutico que conheceu a SP Invisível e o programa de capacitação oferecido pela ONG. Edson frequentou as aulas de gastronomia no ano passado na Universidade Anhembi Morumbi, parceria da SPi, e conseguiu um emprego antes mesmo de se formar.
“Eu sempre gostei de cozinhar, mas nunca tinha trabalhado na área da cozinha. O curso me forneceu muita informação técnica, detalhes de processos de cozimento específicos, boas práticas e o tempo certo de fazer cada coisa”, conta.
O projeto de Gastronomia da SP Invisível é voltado para pessoas que vivem em centros de acolhida na cidade de São Paulo e que demonstram interesse em se capacitar na área e ingressar no mercado de trabalho formal. Após triagem realizada por psicólogos e assistentes sociais da ONG, os educandos iniciam o curso de dez semanas de duração. Para concluir a capacitação, os estudantes precisam ser aprovados no TCC, que consiste no preparo de um prato gastronômico a ser avaliado por uma banca de especialistas. Ao final da formação, a equipe da SP Invisível conecta os formandos com restaurantes parceiros e acompanha o processo por pelo menos seis meses.
Alunos do Curso de Gastronomia da SP Invisível – Crédito da foto: Maria Luiza
A metodologia do projeto foi criada pela ONG SP Invisível com auxílio da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para André Soler, CEO e Fundador da SP Invisível, a inclusão produtiva é um ponto importante para as pessoas saírem da situação de rua. “Sempre levamos em consideração o perfil do aluno e o requisito de cada vaga para fazer as melhores conexões com mercado de trabalho, além disso, nossa equipe acompanha a jornada dos formandos por mais seis meses, após sua formação com o objetivo de apoia-los nos desafios dos seus novos cargos. Ao longo de toda a formação, os educandos vão ganhando confiança, melhorando a autoestima e vendo que podem ocupar outros espaços além das ruas da cidade”, afirma.
Doação
Para o desenvolvimento do projeto de Gastronomia a SP Invisível conta com a ajuda de doações. Recentemente, a ONG criou a campanha LinkedIn Invisível, em que recebe contribuições de qualquer valor para financiar a iniciativa e ajudar na geração de novos empregos. Todo o dinheiro arrecadado com a campanha é destinado ao projeto de capacitação e utilizado para arcar com custos de materiais para as aulas, suporte aos participantes e estrutura operacional.
Os interessados em contribuir podem acessar o site da SP Invisível.
Sobre a SP Invisível
Criada em 2014, a SP Invisível é uma organização da sociedade civil que trabalha para transformar a realidade da população de rua a partir das histórias de cada esquina de São Paulo. O cuidado está presente em nossos três pilares de atuação: conscientização sobre a realidade da população em situação de rua; assistencialismo para combater o frio e a fome; e assistência social para viabilizar a inclusão produtiva através da nossa iniciativa de capacitação e empregabilidade. “Nós ouvimos as pessoas em situação de rua, contamos suas histórias e promovemos autonomia para que novas realidades sejam possíveis”.